terça-feira, 24 de agosto de 2010

Urânio na Bahia: Melhor deixar no solo

Urânio na Bahia: Melhor deixar no solo

Deputada do Partido Verde Alemão vem ao Brasil para saber detalhes e efeitos socioambientais do programa nuclear brasileiro

Fonte: Fundação Heinrich Boell

Ute Koczy, 49, deputada do Partido Verde Alemão no Bundestag (Parlamento Nacional) e porta-voz do partido para assuntos relacionados à política de desenvolvimento, visitará o Brasil em viagem oficial, de 22 a 29 de agosto. No centro da sua viagem está o programa nuclear nacional e o suporte financeiro alemão para a construção da usina de Angra 3. A viagem levará a deputada ainda a
Brasília e a Caetité no sertão baiano, região da mina de urânio.


A vinda ao Brasil é motivada pela preocupação com o que a deputada
chama de “sérios problemas com relação à Angra 3”. Para ela, questões
cruciais sobre a segurança do projeto não foram respondidas, além de
permanecer em aberto a definição sobre o local de armazenamento dos
resíduos tóxicos. Para completar, assustam os altíssimos custos que
envolvem o programa nuclear brasileiro e em especial a construção da
usina.

“Alguns governos e corporações transnacionais acreditam no chamado
renascimento nuclear. Nós do Partido Verde acreditamos que este é o
caminho errado a ser traçado. Energia atômica envolve riscos muito
altos: nenhum país encontrou até hoje uma solução definitiva para seu
lixo, que continua a emitir radioatividade por milhares de anos.
Energia nuclear é também uma energia cara, que requer altos
investimentos e enormes quantidades de água, além de precisar ser
transportada por longas distâncias.”

Na opinião da deputada, diante deste cenário, fica a dúvida se
realmente a cooperação alemã no projeto deveria ser providenciada.
“Para a Alemanha é uma contradição interromper a produção de energia
atômica em seu território, por um lado, e, por outro, cooperar com a
construção de uma usina nuclear em Angra dos Reis.”

Para esclarecer alguns desses problemas, Ute Koczy irá encontrar-se
com representantes de organizações da sociedade civil e do governo,
além de visitar Angra 3 e a cidade de Caetité, na Bahia, local onde há
uma mina de urânio com recentes denúncias de irregularidades. “O
urânio não é um mineral como os outros. Tem radiação perigosa. A
mineração de urânio apresenta mais riscos do que soluciona. Melhor
deixá-lo no solo”, declara.

Em seu trabalho no parlamento, a deputada está especialmente envolvida
com políticas públicas relacionadas à exploração de recursos naturais,
principalmente voltada para a produção de energia, e seus impactos
sociais e para o meio ambiente nos países do Sul. Na opinião de Ute
Koczy, a produção de energia deve cada vez mais se distanciar da
exploração do petróleo e do poder atômico e focar nas fontes
renováveis. “O futuro pertence às energias renováveis. São seguras,
relativamente mais baratas e não agridem o meio ambiente. Ampliar o
uso de energias renováveis é uma grande oportunidade econômica, mesmo
em áreas mais remotas.”

A deputada chega ao Brasil no domingo, dia 22 de agosto, e volta para
a Alemanha no domingo, 29. Para marcar uma entrevista e saber mais
detalhes sobre a visita ao Brasil, entrar em contato com Sabrina Petry
por email (sabrinapetry@boell.org.br) ou pelo telefone (21)
3221-9929.”

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