domingo, 23 de maio de 2010

Sinais clínicos de envenenamento crônico por arsênio em Paracatu

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Sinais clínicos de envenenamento crônico por arsênio em Paracatu

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 22 de Maio de 2010
Fotos: cortesia Laure Terrier

As lesões de pele mostradas nessas fotos feitas em Paracatu são típicas dos primeiros efeitos do envenenamento crônico por arsênio. Esse tipo de lesão é chamado de hiperpigmentação da pele (surgimento de manchas escuras na pele). A hiperpigmentação geralmente surge como um padrão de "gotas de chuva" no tronco ou nas extremidades e na língua.



Outro tipo de lesão é a hypopigmentação (surgimento de manchas
brancas). Tanto a hiperpigmentação quanto a hipopigmentação
representam exposição recente ao arsênio. Esses sintomas são chamados
de melanose.

Após uma exposição mais prolongada, pode ocorrer ceratose (surgimento
de crostras na pele), geralmente acometendo as palmas das mãos e dos
pés.

O tempo de exposição que leva a um ou outro tipo de lesão de pele
varia entre as pessoas, e muitas pessoas expostas ao arsênio podem
sofrer efeitos do envenenamento crônico sem apresentar lesões de pele.
Mas um fato comum aos efeitos do arsênio sobre a saúde é que existe um
período de latência entre a exposição e as primeiras manifestações das
doenças. Esse período pode variar de poucos anos a décadas.

A mineração de ouro a céu aberto em Paracatu começou no final da
década de 1980. Vinte anos depois, começam a aparecer os sinais de
envenenamento crônico da população. Alguns efeitos mais graves do
envenenamento crônico por arsênio, como doenças renais e vários tipos
de câncer já têm sido observados em Paracatu.

A mineradora de ouro canadense, Kinross Gold Corporation, é a
responsável pela contaminação ambiental por arsênio em Paracatu. O
projeto de expansão da mina foi aprovado em 2009, em meio a denúncias
de corrupção ("pagamentos facilitadores") envolvendo autoridades
governamentais.

Em março de 2010, Paracatu foi incluída no mapa da injustiça ambiental
e da saúde preparado pela FIOCRUZ e disponibilizado em
http://www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br/index.php.

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